"Todo o nada que és é teu"

Saudações seguidores do Nandi.Persona,

Hoje venho falar-vos um pouco no seguimento do post anterior, o pensamento, a dor de pensar, a maturidade para pensar e até que ponto é que estes estão connosco. No entanto hoje vou falar acerca do pensamento e desta visão que temos pelo mundo mas do ponto de vista de um animal, o gato.

Os gatos, esses seres tão peculiares, tanto têm de amorosos como de malvados.
Existe um poema de Pessoa que fala especificamente de um gato, o "gato que brincas na rua".

"Gato que brincas na rua

Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu."

Como referi no post passado, Fernando Pessoa falava deste gato como tendo inveja do seu instinto e da sua felicidade porque, este apenas vivia instintivamente e era feliz com o que tinha, nada: "És feliz porque és assim, // Todo o nada que és é teu.", Pessoa invejava a irracionalidade do gato, que por não pensar nas suas ações era feliz e, por isso, brincava na rua "Como se fosse na cama,". Também ao longo deste poema Fernando Pessoa refere múltiplas vezes que não se conhece a si mesmo e, esse é mais um fator que o faz invejar a irracionalidade deste gato.

Este poema faz-me pensar, os gatos são animais bastante independentes, instintivos e são animais que nem sempre demonstram os seus sentimentos e isso faz com que eles sejam animais curiosos aos nossos olhos. Os gatos, por serem tão naturais, revolucionaram de uma maneira incrível as redes sociais, pelos seus comportamentos cómicos, malvados e ternos, "volta e meia" lá aparece um vídeo de um gatinho (ou vários) e lá estamos nós, colados ao ecrã e achamos tudo aquilo tão fofo. 
Os animais são incríveis, derretem-nos o coração por serem da maneira que são, não pensam no que vão fazer no dia seguinte, apenas se preocupam em receber mimo e em cuidar do seu pêlo, todavia, os gatos são seres impressionantes, são seres imensamente inteligentes com uma capacidade de observação incrível, mas, como refere Pessoa "Que tens instintos gerais // E sentes só o que sentes.", é uma parte do instinto deles, algo que já nasce com eles, não precisam de pensar nisso, já nós, temos de desenvolver todas as nossas capacidades e por isso vivemos presos às nossas próprias capacidades e pensamentos porque, sem pensar não nos desenvolvemos enquanto seres humanos.

Por fim, se quiserem ver mais posts cheios de meiguice passem pelo Blog Cat.Arina, lá vão encontrar muitos felinos ;)

Gato Ivy
Fotógrafa: Jéssica Mará