"O destino da loucura que os tomou" II

Saudações seguidores do Nandi.Persona,

Na continuidade do post anterior, hoje venho-vos falar um bocadinho deste tão maravilhoso livro.
O "Ano da Morte de Ricardo Reis"começa na linha temporal em Dezembro de 1935, um mês depois de Fernando  Nogueira Pessoa falecer. Ricardo Reis vivera no Rio de Janeiro, Brasil até então, onde exercia a sua profissão, médico de clínica geral. Chega a Lisboa via marítima e aloja-se num hotel, onde, passado alguns dias ele já vê aquele pequeno quarto como uma casa pois, quando partiu, não deixou nada naquela cidade.

No segundo dia, Reis visita o cemitério para ver a campa de Fernando Pessoa, esta "viagem" por este local foi das que mais me marcou, pois, Ricardo Reis, durante o caminho lê a missa que fizeram a Pessoa, no dia do seu enterro e este discurso é absolutamente arrepiante. Quando Ricardo Reis chega finalmente à campa, os sentimentos que Saramago coloca na escrita são palpáveis (eu chorei nesta parte, admito).

Quando esta jornada acaba, Reis volta ao seu hotel, completamente devastado, apercebe-se de que passados tantos anos de ter estado no Brasil, Lisboa não mudou e ainda levou a (P)pessoa mais importante que ele tinha em Portugal.

Este livro é fabuloso, cheio de intertextualidades com poemas, não só de Ricardo Reis, mas também de Pessoa e de Luís de Camões, ao longo da leitura apetece-nos continuar, continuar e continuar.

Para não me alongar mais neste post, vou-vos deixar algumas das citações que mais gostei de ler até agora, aqui estão...




"Vivem em nós inúmeros, se pensou ou sinto, ignoro quem é que pensa ou sente, sou somente o lugar onde se pensa e sente, não acabando aqui, é como acabasse, uma vez que para além de pensar e sentir não há mais nada." 



"Da vida iremos tranquilos, tendo nem o remorso de ter vivido?"


"Causou dolorosa impressão nos círculos intelectuais a morte inesperada de Fernando Pessoa, o poeta do Orfeu, espírito admirável que cultivava não só poesia em moldes originais mas também a crítica inteligente, morreu anteontem em silêncio, como sempre viveu,..."


"Sou eu, sem nenhuma ironia, sem nenhum desgosto, contente de não sentir sequer contentamento..."


", está também, por ela (Ofélia Queiroz) guardado, o corpo apodrecido de um fazedor de versos que deixou a sua parte da loucura no mundo, é essa a grande diferença que há entre poetas e os doidos, o destino da loucura que os tomou."


"E as pessoas nem sonham que quem acaba uma coisa nunca é aquele que a começou, mesmo que ambos tenham nome igual, que isso só é que se mantém constante, nada mais."



Espero que tenham gostado, ao longo da minha aventura nesta leitura, que me submerge numa outra era, vou dando a minha opinião e mantendo-vos a par.

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